domingo, 7 de setembro de 2008

Política de Exclusão ( parte 1)

Finalmente temos decidido, incorporados como sociedade, a afirmação de que a arte não vai mudar o mundo. Parabéns! Isso tem significado uma liberação, para que uma arte engajada, perturbadora, questionadora da sociedade?
Agora temos o direito de debruçarmos sobre nossas teorias, enclaustrarmos nas faculdades, de ficar discursando no boteco e viver a bonita ilusão do conhecimento, quando concebido como uma jóia, só para nos enfeitar.
Finalmente não é de nossa incumbência mudar o mundo, esse mundo não tem quem mude, e já que não tem, nada melhor que preencher nosso tempo sofismando.
Ocupar esse espaço vazio com mais vazio? A sociedade é feita com base na exclusão?
Fazer o que? Não é com propostas artísticas que isso vai mudar, então melhor direcionar o discurso na tucanice politicamente correta e de moda não momento que e utilizar um monte de palavras na confecção de um estudado sofisma pra não dizer nada e enfeitar os nossos currículos, com pesquisas, artigos, e teorias que não levam a lugar nenhum mais que agradam os nossos egos e nos valorizam socialmente e frente a nos mesmos.
Então beleza, vamos lá! Tem mendigo dormido na rua, não e problema meu, tem cara que ainda no século 21 leva carroça com tração a sangue? Pô, a prefeitura devia dar um jeito com esses fabricantes de engarrafamento!
“Não sou eu não com meu carrão, dirigindo sozinho quem esta piorando o fluxo, o culpado e esse catador de lixo, vai procurar um trabalho decente, é pobre só quem quer! Afinal são Paulo é a terra das oportunidades!!!”
Claro que sim. Oportunidade de ter uma vida miserável, oportunidade de dormir na rua, de comer uma comida podre e caríssima, oportunidade de virar um sub-humano, oportunidade de virar um alienígena que respira mais poluição que oxigênio, e por ai vai...

Com respeito ao ideal plasmado no samba enredo da Vai Vai no carnaval deste ano, motivo que despertou a admiração de todos, jornalistas e publico em geral ( vale lembrar que o tema era a superação das diferenças sócio-culturais dos indivíduos através da arte) e de ressaltar que o lugar de propiciador dentro da sociedade brasileira ainda parece estar ligado ao esforço particular, ligado a ONG e associações ou centros culturais ou ao esforço individual das pessoas, por enquanto o estado nos seus diferentes níveis (federal, estadual ou municipal) observa de fora.
Ate quando o poder político vai favorecer a exclusão social?
Ou será que o projeto político é esse mesmo, a política de exclusão?
E quem duvida, e quem questiona?

Um comentário:

fabio calaza disse...

A POLÍTICA DA EXCLUSÃO, GERA VOTO, QUE GERA "CARGO", QUE LEVA O HOMEM AO PARAÍSO.