terça-feira, 25 de março de 2008

Conversas Morenas Contemporâneas

O sonho plástico de uma arte totalmene sujeita à apreciação pública é tangível pela prática do graffiti e das intervenções urbanas (stickers, cartazes, lambes, etc).
Relacionando-as com as prerrogativas de nossa sociedade, seus anseios, suas barbáries, falta à essa prática algum componente ideológico,ou estigmatizadamente falando, político.
No contexto de arte pública o artista trava um relacionamento com o estado, com o poder instituído uma vez que é Este quem deve subsidiar o acesso e a produção de arte pública para as populações.Ao artista cabe a função de realizar algo que ecoe naquela realidade numa linguagem estética, num desing de significados que reservem algum reflexo senão crítico, poético.
A verdade de um artista não pode estar alheia à realidade estatizada e desigual da sociedade brasileira com toda sua herança de coronelismo, violência extremada contra as manifestações de revolta popular, seu sistema educacional falido, a corrupção macunaímica do jeitinho brasileiro e todo o processo de exclusão instituído.Isto, se não causa a menor pulsão reflexiva na derme sensível do artista demonstra que este não passa de um imbecil passivo ou de um alienado indiferente.
O intelectual, o artista, devem para a sociedade o ônus de sua formação, devem também trabalhar para melhorar a sociedade, pensá-la e propô-la, ao menos propor-se a modificá-la, no entanto no Brasil esta classe estabelecida ignora senão estas questões,qualquer tipo de imersão mais séria de pensamento ou ação neste sentido.Isto não lhe cabe, não lhe interessa enquanto fruição e mergulho na contemporâneidade, não lhe compete.
Apenas conversas morenas em cubos e papos de bar para se pavonear o que acaba refletindo o calcanhar de aquiles de todo artista seja plástico, visual, ator, músico, poeta, escriba, vazio feito um vidro com todo seu ego sufocando seu espírito.

3 comentários:

Franco disse...

tio negão, que violência!!! Rapazote, baixou o espírito maotsetunguiano em ti?? Háhaha! Legal o blog, não me sinto tão "de casa", mas seja "bem-vindo" (pegou esta?) Bacana, rapaz... Esta semana vou instalar aquela barra de blogs amigos, e colocarei o teu... Amanhã têm maloqueiristas no Zé, tu vai? Aliás, não deu pra ir no aniversário da Leila... depois te explico. Abração, filhote... e viva a revolução cultural do PCC (partido comunista chinês)...

Franco disse...

Ah, só pra não deixar passar batido: O Estado patrocina sim arte, e talvez (em alguns casos muito à baila na nossa sociedade) muito pra pior, em quase todos os sentidos (políticos e estéticos)...vê lá, rapaz...abraço.

Pietro disse...

Concordo com partes do texto, mas achei que no geral a discussão ficou no embate entre "branco" e "preto", esquecendo os tons de cinza que existem entre uma cor e outra. Será que toda obra que não bate "de frente" com situações de exclusão sócio-cultural é fruto de estúpidos? Eu pessoalmente acho que tem muito tema digno de exposição tanto quanto a miséria brasileira, sem desmerecer a importância de pensarmos nossa condição terceiro-mundista. Mas será que é justo colocar o artista e/ou intelectual como o responsável por "libertar" o próximo, subestimando o poder que a sociedade civil tem desenvolvido nos últimos tempos? Pessoalmente acredito que fazer arte pode ser uma atividade autônoma (e não desligado, portanto) da prática estritamente política como a conhecemos tradicionalmente. Poetas como Maiakowski serviram, a pretexto de estarem em contrário às injustiças do capitalismo, a interesses tão funestos quanto os do nosso maldito ocidente. Eisenstein foi outro russo que acabou fugindo da libertação que pregou por tanto tempo. Tenho muito receio do policiamento ideológico que muitas vezes se esconde por trás do suposto comprometimento que o artista deveria ter com as injustiças sociais.
Abrazo mano, oxalá sigamos com essa reflexão presencialmente.